Durante a entrevista coletiva concedida por Carlos Ghosn hoje no Líbano o executivo declarou que a Nissan gastou até agora cerca de US$ 200 milhões no processo movido contra ele
São Paulo – SP
Conforme combinado o franco brasileiro libanês, Carlos Ghosn (65), deu uma entrevista coletiva hoje no Líbano para a imprensa internacional, visando esclarecer o motivo de sua fuga do Japão, no dia 30 de dezembro de 2019.
Ghosn falou por mais de 2 horas colocando o seu ponto de vista sobre o escândalo que foi desencadeado contra ele, através de acusações da Nissan, de que o executivo teria ocultado rendimentos da companhia, com a cumplicidade de um executivo norte-americano da área de finanças que continua preso no Japão.
O executivo declarou que todos os pagamentos que eram realizados a ele tinham de ter pelo menos cinco assinaturas de diversas áreas da Nissan, sendo que não havia como ocultar o seus rendimentos.
Quanto a compra de imóveis com dinheiro da companhia para seu usufruto, o executivo disse que todos os imóveis são de propriedade da Nissan, e que portanto, não houve aumento de seu patrimônio com a aquisição dos imóveis, que depois seriam utilizados por outros executivos da companhia.
Ghosn disse que os promotores japoneses estavam trabalhando para postergar o seu julgamento alegando excesso de trabalho para o juíz.
Com um depósito de uma fiança no valor de US$ 9,0 milhões realizado em outubro de 2019, o juiz teria dito a Ghosn que seu julgamento seria realizado no primeiro semestre de 2020, mas que; após o juiz ouvir os promotores de justiça, os mesmos alegaram excesso de trabalho pedindo para postergar o julgamento sem definir a data.
O executivo disse que após passar o comando da Nissan para o executivo japonês Hiroto Saikawa em 2017, a companhia entrou em declínio de vendas e lucro na maioria dos países onde atua, com grave prejuízo a imagem da montadora.
Ele declarou também, que estava trabalhando para firmar uma aliança entre a Renault-Nissan-Mitsubishi com a Fiat-Chrysler, e que a conclusão do acordo estava próximo, mas que após ser preso no final de 2018, a Fiat-Chrysler entrou em contato com a Peugeot para tentar uma fusão.
De acordo com o executivo a perda da aliança com a Fiat-Chrysler era uma oportunidade imperdível para a Nissan-Mitsubishi, e com os ganhos de sinergia e plataformas todas as companhias sairiam lucrando com a fusão.
Questionado a dar mais nomes dos envolvidos no suposto complô contra ele, Ghosn disse que não daria mais nomes para não colocar o governo libanês em uma situação desconfortável com os países envolvidos.
O executivo declarou que ficou preso em uma cela sem janela, com a luz acesa dia e noite e com direito a 30 minutos por dia para o banho de sol.
Ele também afirmou que os promotores o interrogavam 8 horas por dia, exigindo uma confissão.
No encontro com os jornalistas, Ghosn disse que antes de sua prisão os procuradores japoneses se reuniram com os executivos da Nissan diversas vezes na sede da companhia trabalhando nas acusações que fariam contra ele.
No final da entrevista, quando todos achavam que ele iria descrever em detalhes como fugiu do Japão, Ghosn preferiu não dar detalhes e disse que vai trabalhar para limpar a sua reputação.
Quando perguntado sobre o que iria fazer profissionalmente de agora em diante, Ghosn disse que não tem planos e que seus advogados vão esclarecer a Interpol para tentar derrubar o alerta vermelho contra ele.
Para Ghosn, a chance de um julgamento justo no Japão era de zero%.
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