Com interpretação brechtiniana e música ao vivo, grupo Tô em Outra Companhia de Teatro discute a dura realidade enfrentada pelos jovens negros da periferia.
Teatro: Guerra de Papel – Musical – 3 de setembro 2021.
Segunda peça da trilogia de pesquisa da Tô em Outra Cia. de Teatro sobre Teatro Grego e Periferia, Guerra de Papel – uma tragédia urbana musical é o novo espetáculo do grupo de repertório do Jaguaré, na zona oeste de São Paulo.
Estreia dia 3 de setembro, sexta, às 21 horas, e cumpre temporada presencial no Teatro Viradalata até dia 26 do mesmo mês.
A princípio, haverá, ainda, transmissões pela Sympla nos mesmos dias e horários. Sexta e sábado às 21h. Domingo às 19h.
Com duração de 60 minutos, em média, a encenação acontece ao vivo com atores e banda de quatro músicos (executando 12 músicas) no palco do Teatro Viradalata para uma plateia d e 120 pessoas, 60 % da lotação do espaço.
Além disso, duas câmeras e atores microfonados garantem as transmissões, realizadas também ao vivo para o público que optar por assistir online pelo Youtube e redes sociais da companhia.
Será o mesmo espetáculo, presencial ou virtual.
Se na primeira peça da trilogia (Das Ruas, um Orfeu de Mochila), o grupo adaptou o mito de Orfeu e Eurídice para os tempos atuais, celebrando o amor, em Guerra de Papel a Tô em Outra Cia. de Teatro – sempre na estética do teatro musical – transporta o mito de Antígona para a contemporaneidade e retrata o luto.
A reflexão proposta agora passa pelo precário ensino público brasileiro e o genocídio dos negros, principalmente em escolas periféricas, consequência do combate entre polícia e traficantes.
Enquanto na mitologia grega, a figura de Antígona – filha do casamento incestuoso de Édipo e Jocasta – é aquela que tenta enterrar s eu irmão, na peça da companhia ela é a personagem central, a mulher negra na luta para descobrir quem tirou a vida de seu filho Aramiz, morto em consequência de uma bala perdida dentro da sala de aula.
Dramaturgia – concepção
Os mitos colaboram na compreensão das relações humanas e ajudam a ampliar nosso entendimento sobre o mundo e nós mesmos.
Eternos, estão presentes na vida de cada ser humano, que é um pouco Deus e herói de sua própria história.
A mulher na obra é muito presente.
A professora, a irmã e a mãe, três mulheres que tiveram seus pensamentos e sentimentos revirados por uma criança que teve sua vida interrompida.
Também retratada na peça, Ismênia, irmã de Antígona, é a mulher que perdeu o sobrinho de forma brutal, uma pessoa que tenta amenizar o peso da saudade e a da insatisfação da vida, tanto dela quanto de sua irmã Antígona.
Contudo, se sente impotente, não encontra força em seus braços para segurar a irmã e mesmo com esse sentimento, ela está o tempo todo pensando na sua família. Regida pelas lembranças do filho, Antígona sente cada vez mais raiva da justiça dos homens e espera encontrar paz na justiça divina.
Encenação
A Tô em Outra Cia. de Teatro se consolida pelo trabalho no âmbito de pesquisa em teatro grego e épico. Em Guerra de Papel, a proposta do grupo é pesquisar a interpretação dos atores a partir da técnica do dramaturgo e encenador alemão Bertold Brecht, Gestus, forma de interpretação do texto a partir do corpo. Este processo de interpretação pressupõe um método de construção de fora para dentro sem que os artistas se envolvam emocionalmente com as personagens.
Como no teatro épico, a proposta é o distanciamento do ator perante a personagem.
Cenário, Figurino, Luz e Música
A ação se passa em uma escola, que pode ser uma casa ou espaço público. Os figurinos cumprem dupla função no espetáculo, com composições de peças cotidianas com uniforme escolar.
Dessa forma, cada peça tem características únicas de cada personagem, assim, buscando transparecer a personalidade de cada UM e realçando texturas e cores para imprimir a ideia de individualidade dentro de um coletivo.
A iluminação acompanha as movimentações dos atores no palco e em suas pontuais áreas de atuação. É composta, quase que em sua totalidade, por retas que remetem aos diversos caminhos e escolhas feitas pelos personagens durante a trama.
Sem variações de cores, a luz cria espaços realistas e lúdicos.
Possui variações de movimentos, acompanhando o acelerado ritmo das cenas e dos personagens, o que dá à obra uma dinâmica ágil e juvenil, como o próprio texto.
Ao vivo, quatro músicos estão em cena, com direção musical e arranjos de Paulo Henrique Costa.
Além disso, a criação musical tem inspiração em gêneros como samba e funk, ritmos presentes nas periferias.
Os atores cantam suas angústias para o público.
Sobre o grupo
Desde sua criação, em 2012, a companhia realiza intervenções culturais e artísticas em periferias de São Paulo e desenvolver um núcleo de pesquisas e desenvolvimento de atores.
Sinopse
Contornado pelo mito de Antígona, a peça trata da tragédia que ocorre todos os dias nas periferias do Brasil,
das balas encontradas em corpos e corpos perdidos. Guerra de Papel é a luta para se ter uma identidade.
“Se nascemos, se temos nossas certidões, por que querem nos tirar e entregar uma certidão de óbito?
Apagar nossos nomes, nossas histórias, é uma guerra para nos mantermos vivos.”
Ficha Técnica
Texto de Andreza Rodrigues e Thuane Campos
Letras de Andreza Rodrigues, Jorge Alves, Paulo Henrique, Leo Matheus, Thuane Campos
Músicas de Jorge Alves, Leo Matheus e Paulo Henrique Costa
Arranjos Musicais de Paulo Henrique Costa e Leo Matheus
Direção Geral de Jorge Alves
Direção Musical de Paulo Henrique Costa
Músicos Instrumentistas: Fabrício Spezia (Piano e Teclas), Julio Lino (Baixo), Leo Matheus (Violão e Cavaquinho) e Tunuka (Percussão e apoio vocal)
Direção de Movimentos e Coreografias de Gustavo Medeiros
Figurino de Gabriela Araújo
Cenário de Heron Medeiros
Assistente de Direção: Andreza Rodrigues.
Assistente de Produção: Thuane Campos
Design de Luz e Op.: Fernando Ferreira
Design de Som: Radar Sound
Assessoria de Imprensa: Arte Plural – M. Fernanda Teixeira e Macida Joachim
Produção: Tô em Outra Produções Culturais
Realização: Tô em Outra Cia. de Teatro
Elenco
Mayara Tenório – Antígona
Thayna Rodrigues – Ismênia
Claudine Palhàres – Professora
Cinthia Tomaz – Ensamble
Larissa Noel – Favela e Ensamble
Renan Marques – Ensamble
Uédia Alves – Ensamble
Vittor Oliver – Ensamble.
GUERRA DE PAPEL
De 3 a 26 de setembro de 2021. De sexta a domingo.
Sexta e sábado às 21h. Domingo às 19h.
Sessão extra – dia 24/09. No dia 17/09 não haverá sessão.
Nos dias 11 e 18/09 haverá sessão acessível em Libras. Sessões presenciais e virtuais.
O espetáculo é recomendado para maiores de 12 anos.
Duração – 60 minutos. Capacidade (com protocolo de distanciamento) – 120 pessoas.
Teatro Viradalata. Rua Apinajés, 1387 – Sumaré – São Paulo – SP (Metrô Vila Madalena)
Ingresso Presencial: Inteira -R$ 30,00
Meia-Entrada – R$ 15,00
Ingresso Virtual: R$ 20,00 (valor único)
Ingressos serão disponibilizados em Sympla.
Teatro: Guerra de Papel – Musical – 3 de setembro
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