Município localizado no estado de Alagoas faz parte do complexo da Costa dos Corais, uma Área de Preservação Ambiental, com parceria público-privada, visando a preservação e o desenvolvimento ecológico da região.
AMAURI TERUO YAMAZAKI – Maragogi – AL
Visitar a pequena cidade de Maragogi (30.000 habitantes) ao norte de Alagoas, é como visitar o Caribe com apenas 3 horas de voo (São Paulo – Maceió) sem a necessidade de deixar o país.
Praias paradisíacas, densos coqueirais e águas esverdeadas, fazem o turista ter a certeza de que fez uma excelente opção de viagem, sendo o destino principal de uma das maiores operadoras de viagem do Brasil (CVC).
Maragogi é a segunda cidade mais visitada do Estado de Alagoas (a primeira é a capital Maceió) onde o visitante encontra piscinas naturais ideais para o mergulho amador, praias de mar calmo e uma boa rede de hotéis e pousadas.
Localizada a 130 km de Maceió/AL e a 137 km de Recife/PE, a região faz parte da Costa dos Corais, a segunda maior barreira de corais do mundo (a primeira está na Austrália) e a maior Área de Preservação Ambiental da Marinha brasileira.
Criada por decreto do governo federal em 1997, a APA Costa dos Corais tem 135 km de extensão e abrange quatro municípios de Pernambuco e nove de Alagoas.
A fama da região vem de suas piscinas naturais localizadas a cerca de 5 km da praia, formadas por arrecifes naturais. Para se chegar ao local o indicado é contratar os serviços de catamarã ao custo aproximado de R$ 50,0 por pessoa, com duração de 2 horas, devido as regras de preservação da região.
Para aproveitar bem o passeio é recomendado visitar as piscinas com a maré baixa, para que o turista possa encostar o pé no chão nas piscinas naturais. O snorkel (máscara e respirador) são indispensáveis para visualizar bem a variedade de peixes, corais e ouriços do mar que povoam com exuberância a região. As lagostas têm hábitos noturnos e não são encontradas durante o dia, onde ficam escondidas nas pedras.
PARCERIA PÚBLICO PRIVADA PRESERVA E INCENTIVA O TURISMO SUSTENTÁVEL DA REGIÃO
Uma das preocupações da região estava na possível extinção do peixe boi marinho (pode chegar a 600 quilos), que devido a sua mansidão, era facilmente capturado pelos pescadores que reclamavam que o animal estragava as redes de pesca.
Há sete anos, uma parceria entre a Fundação Toyota, SOS Mata Atlântica e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), deu início a um trabalho para a preservação, recuperação e reprodução do animal marinho.
O projeto Toyota APA Costa dos Corais tinha, e continua tendo, o objetivo também de preservar os 135 km da barreira de corais e recifes da região devido ao turismo sem planejamento (lixo e poluição) e pela falta de conscientização da população local, também ameaçava a preservação dos corais.
Os corais e recifes funcionam como abrigo marinho de uma infinidade de seres marinhos como esponjas marítimas, peixes, lagostas, algas e ouriços do mar, formando uma cadeia alimentar eficiente e sustentável.
Os recifes e os corais são responsáveis pela maior reserva de biodiversidade dos oceanos, sendo comparados às florestas tropicais, pela riqueza de sua fauna.
Para que algumas regiões recuperassem a sua diversidade foram criadas “áreas fechadas” chamadas de Zonas de Preservação de Vida Marinha (ZPVM), onde os pescadores e os turistas não podem entrar. Quem entra é multado. As ZPVM são sinalizadas através de boias próximas a costa.
Nestas áreas somente os pesquisadores e oceanógrafos podem entrar.
Após um período de cinco anos, estas ZPVM apresentaram um considerável aumento de peixes e crustáceos, conforme planejado pela parceria público privada.
Nas ZPVM, os peixes e crustáceos se reproduzem, crescem e posteriormente acabam se deslocando para fora da área fechada, estando disponíveis para os pescadores licenciados.
No início, muitos pescadores reclamaram das áreas fechadas, mas após constatarem os resultados tornaram-se favoráveis, pois são um dos principais beneficiários da recuperação da fauna marinha, assim como o turismo ecológico.
Para cada ZPVM, foi criada também uma Zona de Visitação (ZV) onde são permitidas visitas, com regras de horário e número de visitantes a serem respeitados.
Instituto Biota
De acordo com o Instituto Biota, organização não governamental que promove a conservação de mamíferos aquáticos e tartarugas marinhas, o aumento do número de encalhes de baleias na região, indicam um aumento populacional da espécie, com destaque também para o aumento na desova de tartarugas marinhas.
O instituto tem realizado um trabalho de treinamento com pescadores e voluntários, para dar os primeiros socorros aos animais encalhados, pois dependendo do local, o socorro especializado pode demorar de 2 a 3 horas para chegar até o local. O rápido atendimento dos primeiros socorros é fundamental para a recuperação dos animais, pois no encalhe eles podem sofrer graves queimaduras do sol forte característico da região.
RESGATE, RECUPERÇÃO E SOLTURA DOS PEIXES-BOI
Durante a nossa visita à região estava programada a soltura de Ivi, um peixe-boi de seis anos de idade e 436 quilos, o 46º animal devolvido à natureza, desde 1994, pelo Programa Peixe-boi/CEPENE (Centro de Pesquisa e Biodiversidade Marinha do Nordeste) do Instituto Chico Mendes (ICMBio).
A devolução foi realizada na manhã do dia 5 de abril no rio Tatuamunha, em Porto das Pedras/AL, após ser colocado um rastreador para monitoramento no animal.
Historicamente os peixes-boi são localizados ao longo do litoral do Espirito Santos até o Amapá, e devido ao trabalho de preservação, desde 2014, a espécie deixou de constar na categoria “Criticamente em Perigo”, passando para a categoria “Em Perigo”.
A reintrodução de Ivi, assim como os oito filhotes nascidos de fêmeas devolvidas à natureza nos últimos anos, estão entre alguns dos resultados alcançados pela parceria público-privada entre a Fundação Toyota, SOS Mata Atlântica e o ICMBio.
Alguns peixes-boi após a soltura, não se adaptam à vida natural apresentando perda de peso, ferimentos e tornando-se presas fáceis, retornando para os recintos naturais de recuperação (rio Tatuamunha no estado de Alagoas).
De acordo com o ICMBio, no segundo semestre deste ano, mais dois peixes-boi deverão ser devolvidos à natureza, no mesmo local onde foi solta Ivi.
Os peixes-boi são mamíferos herbívoros, alimentando-se de 8 a 13% do seu peso diariamente, sendo o capim agulha, folhas do mangue e algas marinhas, seus alimentos preferidos.
São animais de difícil reprodução e quando reproduzem, geram apenas 1 cria que leva de 12 a 14 meses de gestação. A cada reprodução levam 4 anos para se reproduzir novamente.
De acordo com o site www.decolar.com um pacote incluindo a parte aérea e o hotel em Maragogi para um período de 3 noites, tem custo ao redor de R$ 2.000,00 a R$ 3.900,00 por pessoa, dependendo do hotel.
FUNDAÇÃO TOYOTA
Criada em abril de 2009, a Fundação Toyota atua na preservação ambiental e na formação de cidadãos com cursos para preservação da água, energia elétrica e preservação ambiental. A fundação atual também em ações sociais como a recuperação da biblioteca de São Bernardo do Campo – SP e doação de material escolar para crianças.
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